domingo

De Barrancas à Junin de Los Andes

2 de janeiro de 2008

Acordei 2 da manhã. Fui lavar tudo que estava sujo. Com a calefação tenho chance de secar tudo até o amanhecer. Depois de tudo lavado, pendurado, fui dormir mais um pouco.
As 9:20 hs saí para a estrada. Paisagens maravilhosas.



Vulcão Tremon


Se fosse para bater fotos de tudo, tinham que ser no mínimo uma centena. A cada curva uma paisagem mais linda. Lembrei que a Regina me disse que eu tirava mais fotografias das pessoas. Uma que se eu quiser tirar fotos tenho que parar. Parar e arrancar a moto é sempre algo que não me agrada muito. Por outro lado prefiro tirar foto das pessoas. Pode ser que nunca mais as veja. As paisagens vão ficar lá, a não ser que o homem resolva acabar com tudo. Uma vista do vulcão Tremom magnífica.
À beira da estrada encontrei uma lancheria. Parei. Entrei e encontrei um senhor de idade, dono do estabelecimento e um freguês. Pedi um sanduíche. Ele me ofereceu mortadela. Cortou encima do balcão. Fico acreditando que o maior mata o menor, não tem problema. Tomei um refrigerante.



Sobre o balcão uma lata de azeite e um equilibrista feito de ferro. A gente bate no equilibrista, ele se vira para todos os lados mas não cai de cima da lata. Tirei uma fotografia e peguei junto o dono. Que beleza! Pequenas coisas que fazem a diferença! Despedi-me com a promessa que um dia voltaria ali. Que Deus nos dê saúde e a mim a oportunidade de voltar.
Seguindo viagem, passei por Buta Ranquil e depois cheguei a Chos Malal. Na entrada da cidade, um senhor que limpava os canteiros me ensinou certinho como chegar ao Posto de Gasolina. Entrei na cidade. Tudo tranqüilo. A Policia me parou, não pediu os documentos. Abasteci, tomei alguma coisa e segui. Na saída da cidade, a Policia me parou de novo, pediu os documentos. Depois o policial, simpático, me perguntou quem era melhor, Pelé ou Maradona. Esta pergunta, muitos já me fizeram. A todos respondo que essa dúvida quem levantou foram os argentinos, nós brasileiros nunca tivemos dúvida. Uma risadinha, e vamos em frente.
Mais 180 Km de estrada até Las Lajas. E o sol sempre ali, sem trégua. Nesta região dificilmente chove nesta época.
Cheguei a Las Lajas quase 2 horas da tarde. Como na Argentina o horário comercial é das 9 da manhã a 1 da tarde e da 4:30 da tarde as 9 da noite, neste horário, 2 horas, esta tudo fechado. Menos uma casa que serve como rodoviária. Lá tem Locutório (Cabine telefônica), tem alguma coisa para comer. Quando disse que ia para Zapalla a senhora dona do lugar me alertou que havia entrado em erupção um vulcão no Chile, perto dali na noite anterior e não sabia se daria para eu ir até Zapalla (só faltava essa). Depois o motorista do ônibus disse que dava. Liguei para casa, comi um picolé, tomei um Gatorade, peguei a moto e segui viagem.
Saindo da cidade já pude ver uma nuvem de cinzas do vulcão na direção de Zapalla. À medida que prosseguia comecei a ficar preocupado. Não seria essa nuvem tóxica? Os carros que cruzavam por mim faziam sinal de luz. Mas fui indo. O vento, em função da erupção, estava muito forte e carregava a nuvem de cinzas e a minha moto também. Tinha que lutar muito contra o vento.
Depois de 50 Km cheguei a Zapalla. Entrei na cidade, estacionei. Do outro lado da rua encontrei um sujeito que era de Moquehue. Ele me disse que não havia problema com a nuvem, que ela não era tóxica e que com o vento no outro dia não teria mais nada. Perguntei a ele se algum dia fosse à Moquehue como o encontraria. Disse que era o único mestre da cidade. Resolvi ficar em Zapalla. Procurei dois hotéis. Num deles quando acertei o preço não tinha mais lugar. Insatisfeito, resolvi procurar um camping. Encontrei um camping muito pobre. Ficarei lá. Depois voltei à cidade, visitei um museu da cidade, fiz algumas compras e voltei para o camping.
À noite passei um frio danado. Vou ter que dar um jeito nisto, não quero mais passar frio.

3 de Janeiro de 2008

Saí de Zapalla rumo a Junin de Los Andes. Consegui andar mais rápido, 100 Km/hora nas retas.


Vulcão Lanin – Junin de Los Andes




Quando cheguei a Junin não havia combustível nos postos. Já no posto da YPF, anteriormente, quando perguntei o motivo da falta de combustível na cidade, o sujeito não deu a mínima explicação, estava de mal com o mundo.


Vulcão Lanin – Junin de Los Andes


Fiz lanche num posto da Petrobrás. Quando perguntei para a moça que atendia na lancheria se poderia colocar uma barraca ao lado do posto ela disse que sim, que bastaria eu informar o responsável pelo posto. Quando falei com o responsável ele negou com uma cara de poucos amigos. Quando falei para a moça que o sujeito negou ela telefonou para o marido dela, um militar, e avisou que eu iria lá para poder descansar. Saí dali para encontrá-lo, depois de duas curvas a primeira casa à esquerda. Ele estaria me esperando. A primeira casa á esquerda não existia e sim um quartel. Cheguei na frente do quartel, não havia ninguém me esperando. E agora? Não entendi direito. Perguntei se dava para me darem acesso de modo a eu fazer a volta de moto. Sem problemas. Saí dali e fui mais adiante. Não encontrei nada. Quando ia voltando finalmente avistei o marido dela, a casa ficava dentro da área militar, mas um pouco para dentro da curva, meio escondido. Tudo bem, achei. Logo, em seguida, ela chegou O nome dela é Solange e o marido Paulo. Paulo me recebeu muito bem. Serviram-me um almoço, conversamos bastante, contei minha aventura e minhas dificuldades.



Coloquei para eles a seguinte situação: o que era melhor, eu ficar naquela região conhecendo pontos turísticos mais no seu detalhe, ou deixar para fazer isso no futuro com a Regina e continuar minha aventura como motociclista. Os dois me aconselharam a segunda opção.
Depois aceitaram sair comigo, de modo a me orientar na compra de roupas e outros apetrechos para o frio. Os dois foram ótimos. Eles têm dois filhos, uma menina e um menino, de 12 e 15 anos. Estão de férias, viajando. Daqui a três meses Paulo vai para o Haiti passar seis meses lá. Já no final da tarde nos despedimos, fui ao posto abastecer e depois para o camping.
Passei bem à noite, já dentro do saco de dormir que comprei.

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