domingo

A caminho de San Rafael e Las Lenas

30 de Dezembro de 2007

Só de raiva, resolvi fazer justiça pelas próprias mãos, sai do camping as 7:00 hs, sem pagar a última diária.
Tínhamos resolvido ir a San Rafael, visitar o Cânion do Rio Atuel. A viagem de moto foi tranqüila, cheguei a San Rafael as 12:30 hs. Esperei 1:30 hs pelo Raul e a Gabriela. Perguntei pelo carro, disseram que estava tudo bem. Aí fomos para Vale Grande procurar um camping às margens do Rio Atuel. Chegando ao camping da Márcia, fiquei lá enquanto eles viam se havia outro camping mais interessante. Começaram a demorar muito, quando apareceram, estavam com cara de enterro, o carro havia esquentado de novo. O plano deles era passar ali 3 dias. Com isto, resolveram voltar para La Plata no dia seguinte. E eu perdi meus parceiros para passar o Ano Novo.

31 de Dezembro de 2007

Finalmente me despedi do Raul e da Gabriela. Trocamos fortes abraços. Eles foram para San Rafael atrás de mangueiras e eu fui fazer o roteiro turístico de Vale Grande. Muito bonito, lugares encantadores.

Rio Atuel


As cabeceiras de dois de seus mais importantes vales foram testemunhos de acidentes aéreos que chamaram a atenção mundial por suas características pouco freqüentes. O primeiro remonta ao ano de 1972 e ocorreu ao pé do célebre Paso de las Lágrimas, na ocasião que um avião Fairchild da Força Aérea Uruguaia voava com 45 passageiros, entre eles vários jogadores que viajavam ao Chile por razões esportivas. Os sobreviventes, que em definitivo foram 16, permaneceram 71 dias no local totalmente coberto por uma grossa camada de neve. Diante da carência de víveres se viram obrigados a ingerir restos dos mortos no acidente. Finalmente dois deles, após caminhar penosamente durante 10 dias através das cadeias montanhosas que os separavam do território transandino, chegaram a uma vila chilena onde lhes foi prestado auxílio, para resgatar logo aos sobreviventes restantes que permaneciam na montanha. Os pormenores desta dramática história e da busca dos familiares é conhecida em todo o mundo, e foi inspiração para livros e até um longa metragem de Hollywood, “Vivos”. Porém é menos difundido o fato de que se os sobreviventes houvessem descido para o Valle do Rio Atuel, que está bem próximo e somente haveria exigido um esforço de horas, o resgate haveria sido rápido e menos penoso.

Em 16 de maio de 1960 se chocou contra os paredões do Cerro Sosneado um avião Curtis C-46 da Companhia TransAmerican. Como relatada em sua época pelo jornalista Alberto Rovira, transportava nove pessoas e sete cavalos de corrida,em viagem de Santiago do Chile ao Uruguai. A tripulação estava composta pelo comandante Pedro Lafuente e os co-pilotos Fermín Gómez e Oscar Carballo. Como passageiros viajavam Pedro Horacio Etchegaray, Carlos Luján, Pedro Puccinelli, Omar H. Silva, Raúl L. Díaz e como mecânico de vôo Domingo Vacarelli. A máquina conduzia sete cavalos de corrida, alguns com destacada atuação nas pistas argentinas. Os animais se chamavam Kobe, Baronete, Finísimo, Marrasquera, Pirapó, Malgaster e Limera.
Depois do desaparecimento do avião não se teve mais notícias sobre ele, apesar de uma intensa busca por ar e por terra. Em 1962 uma expedição composta por funcionários policiais e judiciários chegou ao lugar da catástrofe, estava nas nascentes do Arroyo Malo, na base da face noroeste do Cerro Sosneado. Encontraram o avião destruído e entre seus restos os cadáveres mutilados dos 9 passageiros e dos cavalos. Circulou a partir de então a versão de que o avião e seus passageiros haviam sido saqueados e que as somas resgatadas eram elevadas. Dez anos depois, em 1972, por denúncias de supostos vizinhos da região se levou ao conhecimento do acontecido; a polícia deteve Víctor Arteaga, Jaime Rojas, Jorge Riveros, Raúl Rivero e Julio Guzmán, moradores da região que se confessaram autores do saque do aparato e das vítimas do acidente aéreo. Foi estimado que houvessem resgatado mais de 500.000 dólares, uma importante quantidade em moeda argentina, moedas de ouro peruano e dinheiro chileno, além de roupas e outros objetos de valor. Os saqueadores, que desconheciam os valores das moedas estrangeiras, foram por sua vez desapropriados de importantes somas por comerciantes locais. E um dos saqueadores, sendo descuidado, empapelou com dólares as paredes de sua humilde casa para embelezá-la, logicamente mais tarde acabou sendo detido pelas autoridades.

Depois de percorrer o Vale Grande fui a San Rafael, encontrei uma Autorizada Honda e pude fazer a revisão da moto. 1:00 hs da tarde estava pronto. Dei uma nota de 2 reais e uma moeda de 50 centavos para o Maurício e uma moeda de 25 centavos para o Marcelo, funcionários da loja. Mauricio faz coleção.
Saí de San Rafael em direção a Las Lenas, famoso centro de esqui no inverno. A estrada até certo ponto era boa, depois peguei um pedaço de ripio. Comecei a me acostumar ao que significa uma estrada de ripio. É de arrepiar. Nada de posto de gasolina. O que encontrei esta fechado até dia 2 de janeiro.





Cheguei a Las Lenas quase sem combustível e lá também não havia gasolina no posto. Fui ao serviço de informações turísticas e me queixei. Deram-me razão, mas não podiam resolver o meu problema. Depois um policial é que resolveu. Telefonou para um sujeito, ele veio, abasteceu a minha moto e só assim consegui seguir viagem.
As paisagens muito bonitas também naquela região.
Quando cheguei a Malargue uma moça de camionete me conduziu até o Camping Municipal. 10 pesos a diária. Arrumei a barraca, tomei banho e fui a pé ao centro. Telefonei para Regina, liguei para o Renato que me disse que estariam em Comodoro Rivadávia dia 7 de janeiro, que eu os esperasse num camping na saída da cidade. Depois tomei um sorvete e dei uma caminhada pela cidade.
A cidade é bem agradável, pena que joguem lixo na rua. A praça é muito bonita. Comprei pães doces e água mineral para comemorar a passagem de ano.
Passei a noite sozinho dentro da barraca. Quando deu meia noite, levantei os pés para cima, como sempre faço. Começamos um novo ano. Que Deus me permita voltar para casa.

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